quinta-feira, 21 de julho de 2011

Travesseiro de Pedra

Amanhece...
O sol com seus raios poderosos
Doura as primeiras horas da manhã,
Vence a escuridão noturna,
Revela tudo que ficou escondido
Por detrás do véu negro da noite.
Vê-se o belo e o feio,
O triste e o alegre,
O agraciado e o desgraçado.
Alguns abrem as janelas exuberantes de suas casas grandes,
Outros destravam as tramelas de suas janelas de caixa de sabão.
Outros se espreguiçam em suas sacadas
Enquanto alguns desfazem suas camas da calçada...
A vida continua seu curso carregando com ela
Tudo o que vê pela frente.
Leva gente contente com a vida que leva,
Leva gente triste querendo ser gente.
As aves do céu fazem seus ninhos
Nos telhados das casas da rua
Pois faltam árvores pra elas se abrigarem,
Os homens fazem casas embaixo das pontes,
Pois já não há casa onde ficar,
Já não tem o pão nosso de cada dia
Nem um emprego para o seu sustento tirar.
Dormem ao relento com esposas e filhos,
Comem da mão que deixa a esmola cair.
Seus sonhos são poucos, ou sonhar já não ousam,
Vivem a esmo aqui e ali.
São como os pombos do centro da cidade,
Vagam pelas ruas catando comida,
De bico aberto esperando as migalhas caírem,
E quando chega a noite partem em revoada,
Pro teto do mercado para dormir.
O homem não pode seguir o pombo,
Fica no chão sem proteção,
Procura abrigo embaixo das pontes,
Atrás de um travesseiro de pedra para dormir.



Vanilda
20/06/06.

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